O que os cães têm a ver com os políticos?

Vejo tristeza no olhar do velho e já cansado ex-combetente, e agora ex-estadista cubano, Fidel Castro. E temo que o mesmo olhar venha a ornar de tempo as bolsas lacrimais de Hugo Chavez algum dia quando seu país arrear à míngua na solidão dos solitários.
O velho cubano diz que, se já não pode discursar, ao menos escreve. Assim, creio que deva somar valores à blogosfera, se é que use a internet para publicar seus artigos além das gavetas de uma velha escrivaninha.
Chavez, mais dado ao vermelho que o Chapolim, pressente o que suspeitou desde o princípio: ninguém se estabelece no poder eternamente. Países assumem posições proeminentes no mundo apenas por uma quota de tempos, talvez não mais que um punhado de areia a escorrer por entre os dedos do filósofo. Estes sim, parecem atravessar séculos, diga-se, e assistem à fragilidade das pétalas de flores que murcham com o passar do dia, bem como o minguar dos governos ante a força dos ventos da economia global. Essa, por sua vez, passa de mão em mão, feito a Afrodite nos leitos de amores preparados para caravanas e caravanas de gregos aportados ao prostíbulo mais famoso de todos os tempo.
Altas autoridades cambaleiam após o esforço físico de satisfazer a insaciável criatura dos mares_a economia_e contemplam azedos o mar que se encapela antes de mais aventura por mares revoltos da crise global.
Claro que o "musculoso"venezuelano confia-se, mais que em seus músculos, em alianças econômicas e diplomáticas com algum país da Europa menos propenso a posição de sombra americana. Mas não se esquece que Cuba, em certa época de sua história, também se apoiou no profético caniço podre da então União Soviética, e acabou deixando lascas entrarem a perfurar seus dedos, apesar de anelados e condecorados de brasões próprios de guerrilheiros.
Chavez cogita, através de manobras políticas internas (quem disse que ele só pensa nas políticas externas?), perpetuar-se no poder, mesmo a contra gosto do (bom)senso em seu país.
E não é que Lula, feito noiva que quer mais não quer casar, também aspira um terceiro mandato? Para isso, pretende deixar que Dilma Rousseff guie o barco por quatro mil milhas a oeste do Iceberg da crise, até que o velho marujo ( menos barbudo que o Brutos) retome o controle. Há quem pensa que há mais gelo encoberto pelas águas de otimismo, e que esse barco-brasil, uma vez nas frágeis mãos de uma mulher, venha a se estabacar em menores percausos marítimos.(escrevam o que estou dizendo: o brasileiro é machista, não confia em governo feminino. Por sua vez, a mulher brasileira pensa que assumir posições sérias requer "fala grossa").
Mas, e o cão? O que os cães têm a ver com os políticos? Ocorre que também venho observando um velho cão que mora em minha rua. Passam-se os dias, anos, e ele continua lá, deitado no meio da rua em todas as manhãs. Ele não conhece a segurança relativa da calçada, mas deita-se bem no meio da rua, para piorar, logo após uma curva os carros descem embalados, e como se guardado por um anjo protetor dos cães (existem?), desviam o rabugento e promíscuo animal. E por que não se sentiria seguro, se está em seu território? Aquele cão velho tem, dia após dia, marcado seu domínio com um profícuo jato de urina nos pés de cada um dos poste da rua. Esse cão está no poder, digo, no domínio canino mais tempo que o presidente Lula. Dizem que ele está alí desde as lutas sindicais do ex-metalúrgico. Mais estabelecido, e aquém dos perigos e percausos, do que esses políticos em seus territórios marcados civilizadamente, as vezes nem tanto, com o fétido líquido de suas pseudo-democracias.

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